Distúrbios da Personalidade do 3º grupo

 

Distúrbio passivo-agressivo da personalidade

  Manifesta-se como uma incapacidade do indivíduo conseguir executar com eficiência determinados trabalhos em casa ou no emprego, mais em consequência da pessoa ser dominada por uma resistência passiva a actuar, do que propriamente uma recusa activa em colaborar. Não vencem essa resistência passiva, deixam correr o tempo, sem grande consciência de responsabilidades, e vulgarmente chegam atrasados, mesmo quase sistematicamente até a nível de tarefas laborais; chegam a esquecer-se de realizar tarefas, mesmo de grande responsabilidade, ou são deliberadamente ineficientes. Em consequência dão uma imagem pública, mas esta é real, de ineficácia e insegurança, que impede promoções no emprego, e prejudica grandemente a sua actividade social, conduzindo-os por vezes a depressões. Subjacentes a este distúrbio da personalidade no campo da passividade, estão sempre sentimentos intensos, profundamente reprimidos, de agressividade e um exército de medos, entre eles o medo de serem confrontados ou de entrarem em conflito directo com outro. São sentimentos que vão acumulando à medida que a resistência passiva, por vezes indirecta, que oferecem a ser cooperantes nas formas correctas de actuar e integrar-se dignamente no mundo social a que pertencem. Ao sentirem-se de certo modo marginalizados, uma raiva surda, sufocante toma conta deles e são eles próprios que se marginalizam à medida que a agressividade aumenta e os medos os dominam.

  As formas de tratamento são através de psicoterapias individuais e aconselhamento Rogeriano, e psicoterapias comportamentalistas. Como estas pessoas são geralmente não cooperantes, são muitas vezes os outros que os cercam que se apercebem das suas dificuldades. Por vezes acontece que o próprio não tem consciência delas, seguindo acomodado na sua passividade. Quando incitados a tratamento especializado, oferecem tremenda resistência, pois são distúrbios da personalidade de grande gravidade. Além das terapias mencionadas, há também a considerar a psicoterapia analítica, que constitui outra forma ideal de tratamento destes distúrbios, pois provoca alterações graduais e duradouras na personalidade, se o doente não oferecer resistência ao avanço, porque por meio desta terapia o doente com o tempo pode começar a compreender as causas fundamentais que motivam o seu comportamento inadaptado e a soltar-se a capacidade para escolher com sucesso outros padrões mais adequados. Esta situação acontecerá se o paciente quiser colaborar!

Distúrbio de evitamento da personalidade

  A característica mais importante das pessoas que sofrem deste distúrbio é uma hipersensibilidade a eventuais situações de rejeição, humilhação, a avaliações ou críticas negativas, cujo temor afecta toda a sua vida. Estas pessoas interpretam a atitude mais inocente como uma agressão (são de fáceis melindres injustificados), não fazem amigos com facilidade e têm uma vida social limitada. Evitam actividades profissionais que envolvam contactos pessoais de mais alto nível ou profissional ou social, num medo da crítica, de não serem aprovados ou minimamente valorizados, ou mesmo rejeitados. Vivem atormentados, por vezes em situações de pânico, receando desesperadamente as críticas e as rejeições, que podem ser situações criadas pelas suas mentes doentes. A sua auto-estima é muito reduzida, desvalorizando sistematicamente aquilo que realizam de bom e reagindo com ansiedade e depressão às suas supostas insuficiências.

  Ao contrário das pessoas que sofrem de distúrbios de personalidade esquizóide, os que têm personalidade com características de evitamento, desejam intensamente uma vida social, ambicionando mais do que tudo ser aceites, ser amados e valorizados pelos outros, mas depois ... complexam-se evitando o que eles consideram de riscos pessoais, novas relações sociais que possam vir a ser embaraçosas; estão sempre atentos e desconfiados e acabam paradoxalmente por manter o isolamento que lhes é tão penoso. Podem apresentar formas mais ou menos graves de fobia social, evitando sempre numa fuga situações que os possam obrigar a relacionar-se com outras pessoas, temendo constantemente possíveis humilhações (mesmo imaginárias) ou rejeições.

  Este distúrbio de personalidade que perturba já a infância, cujas causas podem ser educacionais e ambientais, é muito comum. Técnicas psicoterápicas podem auxiliar consideravelmente os que sofrem desta angustiosa situação psíquica.

Distúrbio obsessivo compulsivo

  O Distúrbio obsessivo compulsivo é considerado uma neurose em que a vítima é constantemente afligida por obsessões que a obrigam a actos repetitivos e ritualizados. A perturbação obsessiva-compulsiva começa habitualmente na adolescência e tem um curso flutuante. Embora exista por vezes uma componente biológica e hereditária bem determinada os factores ambientais também têm influência no desenvolvimento do distúrbio. Certas formas de lesão cerebral especialmente devido a encefalites, resultam em sintomas obsessivos. Embora a neurose obsessiva compulsiva seja mais rara, os sintomas obsessivos isolados são muito comuns.

  Os sintomas das obsessões: apresentam um carácter desagradável e impositivo; são pensamentos persistentes, que incomodam e difíceis de afastar. As vítimas consideram estes pensamentos desprovidos de sentido e por vezes penosos, mas não conseguem evitá-los nem desprenderem-se deles. Por vezes as obsessões afectam grandemente a vida do indivíduo, até a nível laboral. Ficam obcecados em determinadas situações vivenciais que por qualquer motivo os atraíram, que podem comunicar a amigos ou familiares como algo de bom lhes surgiu na mente, e por mais conselhos, demonstrações do que de errado está nessa ideia, por mais lógica que lhes seja apresentada para afastar uma obsessão a que a mente perturbada se agarrou, até parecem concordar quando uma lógica justa impera, mas ... passa o tempo, o obcecado não consegue afastar a ideia que o persegue e normalmente acaba, por dar voltas e mais voltas à vida e ir realizar, concretizar a obsessão. Só assim se aquieta, mesmo que as consequências sejam nefastas. É como uma ruminação mental, uma cisma ansiosa que a vítima não consegue afastar.

  As obsessões são por vezes hábitos próprios que as pessoas adquirem enquanto ainda novos, muitos ligados a superstições como entrar numa casa sempre com o pé direito, vestir-se segundo determinada ordem numa rotina imutável; ir repetidamente verificar se o carro está devidamente fechado, se as portas estão trancadas, se o fogão está apagado, etc. Por vezes estes pensamentos e actos assumem uma carácter exagerado e incontrolável, transformando-se num grave problema. Problema maior é quando a obsessão se concentra em problemas de saúde; o medo terrível das doenças, das infecções, dos micróbios, o terror de poder estar doente, levando o indivíduo a obcecar em determinadas doenças que ouve falar mais constantemente, acabando por sentir os mesmos sintomas, sendo conduzido muitas vezes à hipocondria e à nosofobia. Qualquer destes distúrbios são verdadeiramente torturantes, muito especialmente a hipocondria.

  As compulsões são actos repetitivos, geralmente secundários a ideias obsessivas levados a cabo de forma ritualizada. O seu maior objectivo é afastar temores e aliviar ansiedades decorrentes da obsessão. Geralmente as vítimas não tiram qualquer prazer na realização desses actos, mas não conseguem deixar de os fazer pois a ansiedade aumenta muitíssimo quando resistem à compulsão. A obsessão e a compulsão estão interligadas daí este distúrbio ser designado de obsessivo-compulsivo. Os actos compulsivos podem no entanto ser executados tantas vezes e ter um carácter tão bizarro que chegam a perturbar seriamente o trabalho e a vida social e quotidiana da pessoa.

  Cerca de 2/3 destas pessoas vítimas deste angustiante distúrbio respondem razoavelmente às psicoterapias comportamentais e analíticas mas nem sempre dispensam fármacos, que lhes proporcionam algum alívio (embora podendo aparecer os sintomas) nas ansiedades e nas depressões secundárias e pode diminuir a frequência da intensidade das obsessões e das compulsões. Estes sintomas podem reaparecer em situações de stress, mas conseguem geralmente ser controlados. No entanto mais que tudo é a aplicação das psicoterapias adequadas com um acompanhamento assíduo, que podem dar mais respostas satisfatórias a este distúrbio. Nos casos mais graves, e a terapêutica pode tornar-se pouco eficaz e o indivíduo fica muito deficitário, podendo acabar por não sair de casa, e tornar-se incapaz de exercer actividades simples, tanto no trabalho como na vida pessoal.

  Investigações recentes descobriram provas de anomalias bioquímicas e fisiológicas no cérebro de algumas pessoas vítimas de distúrbios obsessivo-compulsivo. Áreas específicas dos lobos frontais e nos gânglios da base do cérebro revelam ritmos metabólicos invulgarmente elevados. Outros estudos indicam que os níveis de "serotonina" – neurotransmissor químico abundante nestas áreas – são superiores às normais.

  E tudo começa em idades infantis ou na puberdade, e de geração para geração ao longo dos tempos mais perturbações stressantes, angustiantes vão vitimando a humanidade, cada vez mais sofredora de situações psíquicas de desesperante ansiedade, e angustiosa incompreensão.

Fonte:http://www.portugal-linha.net/arteviver/new_page_18.htm

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